Monday, April 30, 2007

Pensamento livre… correntes tuas!

Faço-o sem pensar, inocente, carente?
O que faz de mim pecador ausente
Serei audaz para com a tua vontade?
De ti eu só quero a minha verdade

Silêncio que consome o meu diálogo
Ou eco, que me tenta responder agora
Ouve-se vozes de quem um dia partiu
Lembram-se sonhos que quem já viveu
Uma vida, que só a mim tem significado
Pois, não há morte que me leve, ou a dor
Que me sossegue, só chagas de saudade
Abertas, vertem o sangue da meã culpa
Encobre-me o frio, tremo pela certeza
Porque sei que sou criminoso, julgado
A teus olhos, ao mundo, ao qual fujo.
Já não te pertenço, arrendo o que fui
Construo um alicerce, um devaneio
Uma mentira do que sou… Lamento
O que não consigo ser para ti!

Faço-o sem olhar, cego, ignorante?
O que faz de ti, em mim, errante
Serei audaz para com a minha vontade?
De mim, só quero a felicidade

Friday, April 27, 2007

...O meu 25 de Abril

Agora percebo…
Em tempos de guerra o grito, o sonho
A revolta da prisão acústica do silencio
A dor de amarras sangrentas apertadas
As vidas tiradas em nome de ti….

Agora percebo…
A dor das mães abandonadas, tristes
Os quartos vazios, os ideais perdidos
A fome, a morte, matar…viver…
Em nome de ti bandeira imortal.

Agora percebo…
O valor de um pedido escrito em papel
De uma janela para a rua, de uma porta
De uma escapatória da rotina diária
De ti bebo sedento, morro de sede…

Agora perdi…
A minha conquista, a minha áspide
Dolorosa vivência sem significado
Sonho acordado com o vazio
Ocupando por completo noites surdas.

A ti preciso… minha liberdade

Sunday, April 22, 2007

Ultimo suspiro... respiro? Sobrevivo...

Vida que acabou, percorro descalço o lancil
Fere-me como chagas, carne viva e ardente
Dor, pecado, lágrimas que pago pelo o ardil
Desligo o sentimento, o tacto, fico demente
Nada… Silêncio, será a hora do julgamento?
Tremor, nas sístoles, rebentamento sanguíneo
Serei morto ou re-vivido, sinais de sofrimento
Entranha-se este odor de antigos, desprezo a ti

Ar que a ti roubo, sopras o meu ultimo suspiro
Roubas-me a alma com um beijo solene e breve
Sabes a verdade, mentira e o ódio do teu toque
Revela a tua verdadeira sorte, rasgas-me a pele
Levas-me as esperanças de ti, matas-me olhando
Sofres, mas vingas o passado, malhas de ferro
Lembranças ardidas em moinhos de papel
Não há vento que apague este fogo, de ti
Não há água que te tire de ao pé de mim
Não há natureza que me, nos, junte a ti

Sonhos que quem lembra o que fui
Volta, vida perdida, renasce
Fénix de lembranças
Sobrevive…

Deixas saudades eternas...

Perder e encontrar o que deixei,
Sonhos, moradas, beijos teus.
Será que foi de ti que me lembrei
Olhos negros, sem dono, seus
Desejos, são obrigações minhas
Serei dono ou servo desta dor.
Esta estrada que em ti caminhas,
Em lembranças, amargas, teu suor
Serei capaz de levantar o grito,
Acordar melancolias no teu sorriso
Adormecer, em chão, como granito
Haverá delicadeza maior? Meu paraíso

Odores, ruelas e fumos cobrem o rosto
Esquecido por ti, a beleza de outrora
Que sensatez terei, de te querer agora?
Não há tempo, nem momento, susto…

Não ter coragem para o teu risco
Não ter delicadeza para o teu ardil
Não é genuíno, viver em ti senil
Pensar, serei, eu, mais um isco.

Apenas o leito nocturno me arrasta
Vagabundo, sem as tuas amarras
A noite leva tudo, será que basta?
Coração este que tanto serras
Lágrimas, sangue, aversão de ti
De levares, o que é correcto
Deixas-me só, tudo. Eu cumpri
Promessas, sentimentos, certo?

Não me dás razão ao momento
Só vivo o desalento, de não te ter.

Saudades eternas do que fui, vivi
Saudades eternas do que foste, para mim
!

Nós...

Escuto passos ao longe e sigo o seu caminho
Ladrilhado plas lagrimas de poetas apaixonados
De memorias perdidas em sonhos ultrapassados
Coração ferido de saudade e carente de carinho
Vagueando como uma alma penada nas teias da solidão
Armadilha que captura, sem dó, mentes fracas
E alimentam a dor de um tempo nas suas marcas
Saram sagas profundas naquele coração
Mas quando a noite regressa e tudo explora
Reinam as sombras e as incertezas
E entre loucuras infinitas de hábeis destrezas
Procuram resposta a perguntas de outrora,
Mas as respostas nunca chegam e a duvida permanece.
Ficam certezas vadias de um pensamento indiscreto
Que revela a cada instante a fraqueza de um lugar secreto.
Um toque, um beijo e tudo acontece
Como da primeira vez... ingénuo, nervoso inseguro
Começo suavemente a esboçar o teu corpo,
Pinto em cada traço a leveza um som eternamente morto
E, em uníssono, duas almas tocam em timbre puro…

Saturday, April 21, 2007

...

Parto estilhaços de uma vida… barulho surdo
Esvoaça na brisa nocturna, minhas memórias
Gravadas em paginas soltas de um grito mudo
Peco na originalidade, sofro com as tuas glórias
Que jurei salvar-me imune do ponteiro dos minutos
Agarro as linhas soltas do meu efémero caderno
Queimo ideias, raivas, angustias, sortes, lutos
Porquê lembrar o destino, doce, inefável, eterno
Se o futuro é uma rua imensa sem tabuletas…
Por mais que peças indicações, andarás perdido
Tentas planear uma rota, mas tropeças em valetas
Porquê, vaguear sem objectivo de coração partido
Sem lar, sem uma lareira, sem uma chama, sem…
Revolta consome-me à noite entre insónias, suores
Procuro em sonhos teu rosto nublado perdido, além
Entre revoltas de poetas mergulhados em dissabores
Lutam pela gramática, adjectivando-te, sem sucesso.

Quem és tu, que me consome a cada minuto, insónia

Despertador nocturno… Em meu leito sonâmbulo…
As horas passam nesta vigília constante ao amanhecer
Esqueço as obrigações só para sonhar ao raiar do dia
Nestas insónias amigas, inimigas de ti desconhecida
Paixão, sinto, fome ardente que teima a não ser saciada.


Insónias, 2005-06-25

Palavras que nunca te direi...

Lembrar sonhos vividos, como águas passadas
Lembrar sonhos teus, como abraços perdidos

Lembrar palavras e lugares, pessoas suadas,
Lembrar o desejo de ser teu, nestes sentidos,
Lembrar, sem poder gritar a liberdade que perdi!

Sonhei, lençóis de teus braços no meu sono
Sonhei, beijos para quem perdoa a ausência
Sonhei, carícias de quem se perdeu em ti
Sonhei, sonhos de te ter de volta para mim
Sonhei, porque na realidade, vivo, sufoco, morro!

Não sei, realidade que nada me diz, as esquinas
Não sei, escolher palavras, a mim falha-me o ar
Não sei, lembrar, pois as recordações somem
Não sei, só quero ser o antes, e o agora chorar
Não sei, nada sei, só oiço dizer para te esquecer!

Rezo a um dia, ser o que fui de melhor um dia
Rezo a um dia, ser um orgulho para a minha linha
Rezo um dia, ser para ti uma realidade sombria
Rezo um dia, ser-te tudo, um mágico, desaparecer

Lembro que sonhei que nada sei, o que rezei?
Rezo um dia sonhar e lembrar que sonhei de ti!